
De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o Brasil possui aproximadamente 172 mil pacientes que realizam terapias de substituição renal, principalmente hemodiálise, sendo a maioria atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) [1].
O que é Hemodiálise?
A hemodiálise é um procedimento que substitui a função dos rins comprometidos. Nessa terapia, uma máquina filtra o sangue do paciente, removendo resíduos tóxicos e o excesso de líquidos [2]. Durante o processo, o sangue é retirado do paciente por meio vascular e impulsionado com auxílio de uma bomba até o filtro de diálise (dialisador). É nesse ponto que o sangue é exposto à solução de diálise (dialisato) através de uma membrana semipermeável, devolvendo-o limpo ao corpo do paciente [2].
A água é um componente essencial durante a hemodiálise, sendo utilizada em grande volume e com necessidade de alta pureza. O fluxo de dialisato varia de 500 a 800 mL/min, resultando em 120 a 192 litros de água por sessão [3]. Considerando que os pacientes realizam, em média, três sessões semanais de aproximadamente 4 horas cada, cada paciente entra em contato com 300 a 600 litros de água. Além disso, há exposição a potenciais contaminantes químicos e biológicos, o que torna a garantia de água de qualidade essencial para a segurança do paciente [2, 3].

Curiosidades sobre hemodiálise
O episódio conhecido como a “Tragédia da Hemodiálise” em Caruaru, PE em 2016, evidenciou o risco da contaminação da água e reforçou a necessidade de regulamentação rigorosa para esse tipo de tratamento [4]. Uma das principais normas que rege a hemodiálise é a RDC nº 11, de 13 de março de 2014, que estabelece Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Diálise, incluindo parâmetros microbiológicos (endotoxinas, coliformes totais e contagem de bactérias heterotróficas) e limites para metais e íons como fluoreto, nitrato e sulfato [5].
O controle microbiológico da água para hemodiálise é indispensável para evitar reações inflamatórias graves nos pacientes. As análises devem ser realizadas mensalmente, após o sistema de osmose reversa e na alça de distribuição. As endotoxinas bacterianas, toxinas liberadas pelas paredes das bactérias mesmo após sua morte, e a contagem de bactérias heterotróficas são parâmetros críticos. A RDC 11/2014 define que contagens ≥ 100 UFC/mL de bactérias heterotróficas ou níveis de endotoxinas > 0,25 EU/mL indicam um alerta imediato, exigindo a revisão do sistema de purificação da água [5]. Qualquer caso de febre ou suspeita de infecção em pacientes, deve-se acionar a verificação imediata da qualidade da água.
Além do risco microbiológico, a presença de metais e o excesso de minerais na água de hemodiálise representam um risco químico significativo. O acúmulo dessas substâncias sobrecarrega ainda mais rins já comprometidos [6, 7].
- Alumínio: encefalopatia, osteodistrofia, anemia [6].
- Cobre, chumbo e zinco: toxicidade aguda ou crônica [6].
- Fluoreto: fluorose óssea [7].
- Nitrato: metahemoglobinemia [7].
- Sulfato: acidose metabólica [7].
Garantir a pureza da água na hemodiálise é, portanto, garantir a vida e segurança do paciente [6, 7].
Serviços da EP Analítica sobre água de hemodiálise
Nosso laboratório é acreditado ABNT NBR ISO/IEC 17025, garantindo que todos os processos e análises sejam realizados com rigor técnico e confiabilidade comprovada. Contamos com profissionais altamente capacitados e treinados, além de métodos e equipamentos de ponta, permitindo gerar resultados consistentes e precisos. Com essa acreditação, asseguramos conformidade com a legislação vigente sobre qualidade da água para hemodiálise, oferecendo aos nossos clientes a confiança de que estão recebendo serviços de excelência e total segurança para o tratamento de seus pacientes.
Karen Fernanda de Oliveira e Karina Cibele de Oliveira
Referências
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (SBN). Estudo da SBN e ABCDT revela grave defasagem no custeio da diálise no Brasil. SBN – notícias, 2 jul. 2025. Disponível em: https://sbn.org.br/medicos/sbn-acontece/noticias/estudo-nacional-revela-grave-defasagem-no-custeio-da-dialise-no-brasil/. Acesso em: 14 out. 2025.
- BIEBER, Scott; HIMMELFARB, Jonathan. Hemodialysis. AbdominalKey. Disponível em: https://abdominalkey.com/hemodialysis/. Acesso em: 14 out. 2025.
- COULLIETTE, Angela D.; ARDUINO, Matthew J. Hemodialysis and water quality. Seminars in Dialysis, v. 26, n. 4, p. 427‑438, jul‑ago 2013. DOI: 10.1111/sdi.12113. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23859187/. Acesso em: 14 out. 2025.
- ABCDT. Tragédia de Caruaru: histórico e consequências. Disponível em: https://www.abcdt.org.br/caruaru-hemodialise/. Acesso em: 14 out. 2025.
- AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). RDC nº 11, de 13 de março de 2014 — Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Diálise. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/rdc0011_13_03_2014.html. Acesso em: 14 out. 2025.
- JENNEN, Faycal et al. Study of contents of nitrates, fluorides and aluminium in dialysis water in Tunisia. Tunis Méd., v. 83, n. 12, p. 770‑776, dez. 2005. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16450947/. Acesso em: 14 out. 2025.
- D’HAESE, P. C.; VANHOLDER, R. C. Toxicity of dialysis water: aluminum and other trace metals. Blood Purification, v. 12, n. 1, p. 54‑63, 1994.