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No início de 2023, o mercúrio foi notícia no Brasil e no mundo pelos impactos causados em terras indígenas devido a exploração do garimpo ilegal na Amazônia. No entanto, é importante lembrar que o garimpo é uma atividade econômica histórica no Brasil e, por isso, de tempos em tempos a discussão sobre as consequências ambientais dessa atividade relacionada ao metal vem à tona. Esse composto químico por ser altamente tóxico ao entrar em contato com o solo e água e também contamina os organismos vivos de toda cadeia alimentar. O mercúrio é bioacumulativo, portanto, chega ao ser humano em doses altas trazendo muitas consequências para a saúde humana, como por exemplo retardo mental e paralisia em crianças, perdas de movimentos, doenças crônicas, entre outras doenças em adultos.

A relação entre o mercúrio e o garimpo ilegal se dá pela utilização do composto para encontrar ouro dentro do sedimento escavado dos rios. Ou seja, o metal favorece a separação do ouro de outros componentes que estão presentes no sedimento. O mercúrio utilizado é liberado para a atmosfera, além de contaminar os rios e os peixes que são consumidos pelos indígenas. De acordo com pesquisa feita pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), cerca de 56% de mulheres e crianças Yanomami da região de Maturacá no Amazonas estavam contaminadas com mercúrio. Já na comunidade Yanomami do Aracaçá, região de Waikás que fica mais próxima do garimpo, os índices de contaminação da população foi de 92% segundo as pesquisas da Fiocruz e Instituto Socioambiental.

Identificação de presença de mercúrio em tribo Yanomami

Identificação de presença de mercúrio em tribo Yanomami (Fonte: https://informe.ensp.fiocruz.br/noticias/46979)

Além do problema de contaminação em terras indígenas, a toxicidade e consequências da utilização do mercúrio é tão preocupante que a legislação ambiental brasileira contempla a determinação deste composto em diversas matrizes, como água de consumo humano, água subterrânea, efluentes, solo e resíduos. Entre as principais legislações que estabelecem valores máximos permitidos para o Mercúrio estão: Valores Orientadores da CETESB, PORTARIA GM/MS No 888 – Anexo XX, Conama 357/05, Conama 396/08, Conama 420/09, CEMA 076/09, entre outras.

Para que a legislação ambiental possa ser atendida é importante quantificar o mercúrio nas mais diferentes matrizes. A determinação deste composto pode ocorrer por diversas técnicas analíticas, tais como: Colorimetria, Cromatografia Gasosa, Cromatografia Líquida
de Alta Eficiência, ICP-OES (Espectrometria de Emissão Óptica por Plasma Indutivamente Acoplado), ICP-MS (Espectrometria de Massa por Plasma Indutivamente Acoplado), Gerador de Hidretos, GF AAS (Espectrometria de Absorção Atômica por Forno de Grafite), CV AAS (Espectrometria de Absorção Atômica por Vapor Frio) e CV AFS (Espectrofotometria de Fluorescência Atômica de Vapor Frio).
1 Esta última técnica de determinação de mercúrio trata-se da CV AFS, que consiste na detecção do sinal de fluorescência emitido pelo mercúrio a 253,7 nm. Porém, antes da análise via CV AFS todo mercúrio presente na amostra precisa ser oxidado por uma solução de bromato de potássio/brometo de potássio. Após a oxidação a amostra é pré-reduzida com Cloridrato de Hidroxilamina para reduzir o excesso de bromo. Posteriormente, o mercúrio iônico é reduzido com Cloreto de Estanho II para converter Hg(II) em Hg(0) volátil. O Hg(0) é separado da solução passando a amostra por separador de gás/líquido e purga de gás argônio de alta pureza, onde esse Mercúrio passa para uma corrente gás inerte que o transporta até a célula de detecção (CV AFS) e posterior determinação do composto de interesse. Essa técnica de CV AFS é uma das técnicas mais eficientes, pois a determinação do mercúrio é a nível traço.

A EP Analítica possui acreditação ABNT NBR ISO/IEC 17025 para a determinação do mercúrio pelas técnicas de CV AFS, bem como por ICP-OES. A partir dessas técnicas a EP Analítica está capacitada para determinar não só o mercúrio, mas também os principais metais presentes nas legislações ambientais vigentes. A partir das determinações a EP Analítica poderá contribuir com o monitoramento, tratamento ou mitigação do mercúrio e de outros metais presentes no ambiente.

Artigo criado por Karina Oliveira e Fabíola Nogueira

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Referências:

1 – Convenção de Minamata: https://www.mercuryconvention.org/es
2 – Avaliação Global de Mercúrio 2018: https://www.unep.org/resources/publication/global-mercury-assessment-2018?_ga=2.132239566.1511659837.1675886575-8392828.1675886575
3 – Conferência das partes: https://www.mercuryconvention.org/en/meetings/cop4
4 – Vídeo: Amazônia sem garimpo: https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/videosaude-disponibiliza-amazonia-sem-garimpo-em-ingles-e-narracao-em-yanomami/
https://www.youtube.com/watch?v=OPDDWjLiqDk
5 – Como pode o garimpo provocar morte por desnutrição?: https://www.dw.com/pt-br/como-pode-o-garimpo-provocar-mortes-por-desnutri%C3%A7%C3%A3o/a-64538558
6 – Contaminação por mercúrio se alastra na população Yanomami: https://informe.ensp.fiocruz.br/noticias/46979
7 – O povo Yanomami está contaminado por mercúrio do garimpo: https://medium.com/hist%C3%B3rias-socioambientais/o-povo-yanomami-est%C3%A1-contaminado-por-merc%C3%BArio-do-garimpo-fa0876819312#.3l1v4vxt4
8 – Desenvolvimento de um método aplicado à determinação de um mercúrio em amostras de álcool combustível e solos por gerador de vapor frio e espectrometria de absorção atômica:
https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/17519/1/DesenvolvimentoMetodoAplicado.pdf
9 – Method 245.7 Mercury in Water by Cold Vapor Atomic Fluorescence Spectrometry:
https://www.epa.gov/sites/default/files/2015-08/documents/method_245-7_rev_2_2005.pdf