Análise de Radioatividade: entenda os riscos, a legislação e como garantir a potabilidade da água conforme a Portaria 888

A radioatividade está presente no nosso cotidiano, sendo provenientes de fontes naturais ou artificiais, e assim, estamos sendo constantemente expostos à ela. Dessa forma, afim de garantir a proteção da saúde humana, diversas normas e legislações vêm sendo implementadas com o objetivo de controlar e monitorar a radiação alfa total e beta total em água de consumo humano.

 

O maior exemplo disto é a Portaria GM/MS 888, legislação brasileira atualmente em vigor que define limites, metodologias e diretrizes que asseguram o monitoramento adequado dos radionuclídeos em água de consumo humano.

 

A EP Analítica possui escopo completo para atendimento integral à Portaria 888, incluindo análises de Alfa Total, Beta Total e radionuclídeos específicos, oferecendo segurança, precisão e conformidade.

 

O que é radioatividade e por que ela pode estar presente na água?

A radioatividade foi descoberta em 1896 por Henri Becquerel e aprofundada por Marie e Pierre Curie, revelando compostos como tório, polônio e rádio — todos emissores de radiação. Radionuclídeos naturais ou artificiais podem chegar à água por diferentes vias, como:

  • infiltração de materiais radioativos naturais do solo;
  • processos industriais;
  • atividades médicas e militares;
  • deposição atmosférica.

     

Por isso, a análise de radioatividade torna-se indispensável para identificar níveis de Alfa e Beta Total e garantir que a água esteja dentro dos padrões de potabilidade.

Tipos de radiação: Alfa, Beta e Gama

Para compreender a importância do monitoramento, é necessário entender como a radiação age:

Disponível em: https://www.ufrgs.br/colegiodeaplicacao/wp-content/uploads/2020/06/RADIOATIVIDADE-%E2%80%93-2%C2%AA-PARTE1_removed.pdf. Acesso em: 20 dez. 2024a.

Radiação Alfa (α)

  • Formada por 2 prótons e 2 nêutrons.
  • Baixa capacidade de penetração — pode ser bloqueada por papel —, mas é altamente ionizante.

Radiação Beta (β)

  • Carga negativa, composta por elétrons.
  • Atravessa até 2 cm de tecido vivo, podendo causar danos mais intensos.

Radiação Gama (γ)

  • Ondas eletromagnéticas de altíssima energia.
  • Grande poder de penetração e maior risco à saúde.

A exposição pode ocorrer por:

  • irradiação (sem contato direto com o material radioativo)
  • contaminação interna ou externa (quando há contato, ingestão ou inalação)
Disponível em: https://www.if.ufrgs.br/tex/fis01001/radio.pdf. Acesso em: 23 dez. 2024.

Por isso, legislações de potabilidade incorporam limites rígidos para evitar danos à saúde humana.

Fontes de exposição radioativa

A população está exposta à radiação todos os dias, sendo aproximadamente 80% de exposição à radiação provenientes de fontes naturais e, em torno de 20% de fontes consideradas artificiais.

Disponível em: https://inis.iaea.org/collection/NCLCollectionStore/_Public/45/073/45073467.pdf. Acesso em: 23 dez. 2024.

As fontes de radiação natural são aquelas provenientes do solo, da água/alimentos, Radônio e da radiação cósmica (provenientes de várias regiões do Espaço). A radiação artificial, por sua vez, são provenientes de usos em ramos como: militares (como no uso de armas nucleares); medicinais (no uso de diagnósticos por imagem e tratamento de determinadas doenças com doses controladas de radiação); e domésticos (como no caso dos detectores de fumaça).

Disponível em: https://www.aben.com.br/Arquivos/544/544.pdf. Acesso em: 23 dez. 2024.

Embora a maior parte seja natural, a ingestão de água contaminada por radionuclídeos pode levar a riscos como:

  • danos no DNA;
  • mutações genéticas;
  • tumores e leucemias;
  • síndrome aguda da radiação, em doses elevadas.

Daí a importância da análise de radioatividade como ferramenta preventiva e obrigatória.

Evolução da legislação sobre radioatividade na água

Você sabia que o Brasil monitora a radioatividade na água desde 1977? Na época o valor-limite de referência para parâmetros de radioatividade alfa total e beta total, sendo eles de 0,1 Bq/L para Alfa Total e 1,0 Bq/L para Beta Total. 

Esses limites permaneceram os mesmos até 2010, Caso os valores fossem superados, devia-se realizar a identificação e quantificação dos radionuclídeos (espécies químicas emissoras de radiação) e seus valores comparados com os limites estabelecidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). 

Em dezembro de 2011, foi decretada a Portaria Nº 2.914, tendo alterações no valor-limite de referência para água de consumo humano, sendo de 0,5 Bq/L para Alfa Total e 1,0 Bq/L para Beta Total. Caso os limites fossem superados, devia-se determinar a concentração de radionuclídeos específicos, sendo eles Rádio-226 e Rádio-228.

Em 2021, foi publicada a portaria GM/MS 888, com novas tratativas para quantificação de Alfa Total e Beta Total em água de consumo humano. Não houve modificações no valor-limite de referência, porém as tratativas caso o limite fosse ultrapassado sofreram algumas modificações. Assim, caso o limite de Beta Total seja ultrapassado, deve-se quantificar os níveis do radionuclídeo K-40 (Isótopo do átomo potássio de massa 40u) e o valor dele deve ser descontado do valor total de radioatividade Beta total. 

Se o valor permanecer acima do limite, outra amostra deve ser coletada e analisada, caso os valores continuem acima do limite, a POSIÇÃO REGULATÓRIA 3.01/012:2020 da CNEN deve ser consultada para tomada de providências. A partir desse momento, a CNEN passa a ser responsável pela análise da potabilidade no quesito radiológico. 

A Portaria 888 é hoje a base para qualquer análise de radioatividade aplicada à  potabilidade da água no Brasil.

A importância da análise de radioatividade para garantir água segura

A presença de radionuclídeos na água, mesmo em baixas concentrações, representa risco cumulativo para a saúde humana. Por isso, a análise de Alfa Total, Beta Total e radionuclídeos específicos é parte fundamental do controle de qualidade da água para consumo humano.

Além disso, empresas de saneamento, indústrias, prefeituras e outros laboratórios precisam cumprir a Portaria GM/MS 888 e somente laboratórios com escopo técnico validado podem emitir resultados aceitos pelos órgãos reguladores.

Análise de radioatividade com EP Analítica

A EP Analítica possui excelência em análise de radioatividade, oferecendo precisão, conformidade regulatória e capacidade técnica para atender integralmente à Portaria GM/MS 888.

Trabalhamos com métodos atualizados (CNEN, ABNT e normas internacionais), equipamentos de alta sensibilidade e uma equipe especializada preparada para análises radiológicas de alta complexidade.

A EP Analítica possui:

  • Escopo completo para Alfa Total e Beta Total
  • Resultados com rastreabilidade e segurança metrológica
  • Estudos personalizados sob demanda
  • Parcerias técnicas com outros laboratórios que precisam terceirizar análises de radioatividade

Atendemos indústrias, concessionárias, consultorias ambientais, órgãos reguladores e também laboratórios que buscam ampliar seu escopo. Seja para projetos ambientais, potabilidade ou investigações específicas, a EP Analítica é o parceiro confiável para todas as necessidades envolvendo análise de radioatividade.

Artigo por Catharina Mariusso e Leonardo Paiva

Bibliografia

Ministério da Saúde. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2021/prt0888_07_05_2021.html>. Acesso em: 23 dez. 2024.
Disponível em: <https://www.if.ufrgs.br/tex/fis01001/radio.pdf>. Acesso em: 23 dez. 2024.
RADIAÇÃO - EFEITOS E FONTES. Disponível em: <https://www.aben.com.br/Arquivos/544/544.pdf>. Acesso em: 23 dez. 2024.
Disponível em: <https://www.ufrgs.br/colegiodeaplicacao/wp-content/uploads/2020/06/RADIOATIVIDADE-%E2%80%93-2%C2%AA-PARTE1_removed.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2024a.
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